Uma Interpretação do Livro de Joel
e do Capítulo 9 de Apocalipse
Autor: KILSON TADEU
PEIXOTO
8 de janeiro de 2014.
Existem diversas interpretações sobre cada um dos livros da Bíblia, muitas
delas elaboradas por doutores na Palavra ou pastores de renome. Não tenho a
intenção de disputar espaço com eles, sou apenas mais um irmão na fé cristã.
Contudo, como qualquer cristão, também devo conhecer a Palavra de Deus,
buscando interpretá-la e, sempre que possível, compartilhando essa
interpretação com outros irmãos.
Desde a primeira vez que li o livro de Apocalipse percebi que ele usava
símbolos que estavam presentes em outros livros proféticos da Bíblia. Era,
portanto, indispensável decifrar esses símbolos para entender o real objetivo
da mensagem. Por isso, não faremos um comentário exaustivo versículo a
versículos, mas, apenas, a uma interpretação dos símbolos presentes no livro de
Joel e sua aplicação no livro de Apocalipse.
Para reduzir o tamanho do presente comentário não transcreverei
integralmente os livros de Joel e Apocalipse, mas apenas os versículos
imprescindíveis para a compreensão geral da interpretação proposta.
Para começarmos a interpretação do Livro de Joel vale a pena olhar o
relato do momento em que o Espírito Santo é, pela primeira vez, “derramado”
sobre a Igreja levando o apostolo Pedro a entender que naquele momento estava
se cumprindo o que foi escrito através do profeta Joel:
Atos do Apóstolos 2.9 Somos partos, medos, elamitas e os naturais
da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
2.10 da
Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene,
e romanos que aqui residem,
2.11
tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar
em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?
(...)
2.14
Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os
nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai
conhecimento disto e atentai nas minhas palavras.
2.15
Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a
terceira hora do dia.
2.16 Mas
o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel:
2.17 E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre
toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão
visões, e sonharão vossos velhos;
2.18 até
sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito
naqueles dias, e profetizarão.
2.19
Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue,
fogo e vapor de fumaça.
2.20 O
sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e
glorioso Dia do Senhor.
2.21 E
acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
A maioria dos
interpretes acredita que Pedro estava se referindo, apenas, ao cumprimento do
que Deus dissera através de Joel em relação ao derramamento do Espírito.
Contudo, acreditamos que, sem o uso de interpretação alegórica e utilizando
apenas a Bíblia para interpretar a própria Bíblia, poderemos entender como boa
parte da profecia de Joel reproduzida por Pedro já se cumpriu.
JOEL
1.4 O que deixou o gafanhoto
cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o
gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor.
Acreditamos os
gafanhotos citados aqui não são literais, mas sim, a utilização de algo
corriqueiro para um povo de agricultores acostumados com nuvens de gafanhotos,
para representar a entrada repentina em cena de algo que furtaria todo o seu
alimento. Vamos construir nosso raciocínio baseado nessa hipótese.
1.5 Ébrios,
despertai-vos e chorai; uivai, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto,
porque está ele tirado da vossa boca.
Neste versículo o
vinho é retirado da boca dos ébrios, neste caso, logicamente, a imagem não é de
gafanhotos roubando o vinho, mas há clara indicação de que o vinho, pronto para
ser consumido, lhes será tirado.
1.6 Porque
veio um povo contra a minha terra, poderoso e inumerável; os seus dentes são
dentes de leão, e ele tem os queixais de uma leoa.
A retirada do vinho é
efetuada por esse povo poderoso e inumerável, que em várias interpretações é
confundido com o império romano ou assírios ou babilônicos, mas há fortes
indícios que não é esse o assunto aqui.
O que significa ter
dentes de leão?
Por que essa
referência a boca e não ao rabo ou a juba?
O livro de Apocalipse
fala sobre um povo inumerável, será que é o mesmo?
Ap 7.9 Depois destas
coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as
nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro,
vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos;
A
referência neste trecho a “grande multidão que ninguém podia enumerar” é a
igreja de Jesus Cristo com suas vestiduras brancas lavadas no sangue do
Cordeiro.
Cremos
que trata-se do mesmo povo, mas há mais referência que embasam esta tese.
Joel 1.7 Fez de minha vide uma assolação, destroçou a minha figueira,
tirou-lhe a casca, que lançou por terra; os seus sarmentos se fizeram brancos.
Mais uma imagem
representativa do fim do alimento de Israel causado por esse povo numeroso.
1.8 Lamenta
com a virgem que, pelo marido da sua mocidade, está cingida de pano de saco.
Deus manda que Israel
lamente com a virgem que perdeu o noivo.
O Senhor Jesus, em
Mateus 25, usa o símbolo das 10 virgens esperando o noivo, mas as que estavam
sem azeite não estavam prontas quando o noivo chegou. Vale lembrar que, em
geral, a Bíblia usa o azeite como símbolo do Espírito Santo e, como veremos no
versículo 10, o azeite também foi tirado desta noiva imprudente, Israel.
1.9 Cortada
está da Casa do SENHOR a oferta de manjares e a libação; os sacerdotes,
ministros do SENHOR, estão enlutados.
As ofertas de
manjares e vinho são cortadas, tanto porque o alimento lhes foi tirado, quanto
porque Deus não recebe mais as ofertas de Israel, por isso os sacerdotes estão
enlutados como a noiva.
1.10 O campo
está assolado, e a terra, de luto, porque o cereal está destruído, a vide se
secou, as olivas se murcharam.
Com o cereal se faz o
pão, da vide se produz o vinho e das olivas o azeite. Não é novidade para
nenhum cristão que o pão é o símbolo do corpo de Cristo, o vinho é o símbolo do
sangue de Cristo e o azeite é o símbolo o Espírito Santo, ou seja, Deus rompe a
Aliança com a noiva displicente, Israel, e estabelece uma nova aliança com uma
outra noiva, a igreja, que é esse povo inumerável que rouba, como gafanhotos,
todo o alimento de Israel.
Trata-se do Juízo de
Deus sobre Israel, mas não como os juízo temporários como a Escravidão no
Egito, o cativeiro Babilônico, o domínio grego ou romano, mas uma ruptura
definitiva da Antiga Aliança e o estabelecimento da Nova e Eterna Aliança com
Cristo.
1.11
Envergonhai-vos, lavradores, uivai, vinhateiros, sobre o trigo e sobre a
cevada, porque pereceu a messe do campo.
Sempre que os
profetas anunciam o juízo de Deus, clamam para que o povo de Israel se
arrependa dos seus pecados para poderem “merecer” o perdão. Contudo, sabemos
que o povo de Israel nunca se arrependeu, e há quem entenda que não poderiam se
arrepender, tornando-os indesculpáveis por seus pecados.
Como esse chamamento
ao arrependimento será apresentado em vários versículos, deixaremos de
comentá-los e iremos direto aos versículos mais relevantes para a elucidação da
forma como interpretamos essa parte da Bíblia.
2.2 dia de
escuridade e densas trevas, dia de nuvens e negridão! Como a alva por sobre os
montes, assim se difunde um povo grande e poderoso, qual desde o tempo antigo
nunca houve, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração.
2.3 À frente
dele vai fogo devorador, atrás, chama que abrasa; diante dele, a terra é como o
jardim do Éden; mas, atrás dele, um deserto assolado. Nada lhe escapa.
“À frente deste povo vai fogo devorador”, em várias
passagens bíblicas Deus é apresentado como fogo devorador ou consumidor, por
exemplo: Hebreus 12.29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.
Desta forma, não seria loucura pensar que fogo consumidor
que vai à frente deste povo é o próprio Deus. Por isso, também não seria
absurdo imaginar que este povo é a igreja de Cristo.
Prosseguindo,
“...atrás, chama que abrasa...”, se a igreja passa pela vida de alguém e esse alguém
não vem com ela, ou seja, não é incorporado ao exército de Deus, só lhe resta
queimar no inferno.
“Diante dele a terra é como o jardim
do Éden”,
a igreja caminha para o Éden, para a restauração do Paraíso com Deus.
“Nada lhe escapa...” ou se está
salvo em Cristo ou condenado sem Ele.
2.4 A sua
aparência é como a de cavalos; e, como cavaleiros, assim correm.
2.5
Estrondeando como carros, vêm, saltando pelos cimos dos montes, crepitando como
chamas de fogo que devoram o restolho, como um povo poderoso posto em ordem de
combate.
2.6 Diante
deles, tremem os povos; todos os rostos empalidecem.
Os povos tremem porque suas crenças, deuses e
valores são abalados pelo que a boca de Leão desse povo, que vai com fogo
consumidor à frente, anuncia.
Os
cavalos simbolizam a força e junto com a imagem de cavaleiros e carros de guerra,
tudo demonstrar que a batalha será intensa contra os principados e potestades,
não só do mundo espiritual, mas contra deuses crenças e valores de todas as
raças, tribos e nações que se escandalizarão (essa profecia foi feita muitos
anos antes de Cristo).
Toda
essa imagem é reforçada do versículo 7 ao 9.
2.7 Correm
como valentes; como homens de guerra, sobem muros; e cada um vai no seu caminho
e não se desvia da sua fileira.
2.8 Não
empurram uns aos outros; cada um segue o seu rumo; arremetem contra lanças e
não se detêm no seu caminho.
2.9 Assaltam
a cidade, correm pelos muros, sobem às casas; pelas janelas entram como ladrão.
2.10 Diante deles, treme a terra, e os céus se
abalam; o sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor.
Essa representação do céu com o sol,
a lua e as estrelas é importantíssima e precisa ser explicada.
No Livro de Genesis Deus promete a
Abrão que sua descendência seria como as estrelas do céu. Essa promessa é
repetida a Isaque e a seu filho Jacó. Por isso, quando José, um dos doze filhos
homens de Israel, conta ao pai um sonho que teve com estrelas, Jacó não tem
nenhuma dificuldade para interpretar esse sonho, vejamos:
Gn 37.9 ... Sonhei também que o sol, a lua
e onze estrelas se inclinavam perante mim.
37.10 Contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o o pai e lhe
disse: Que sonho é esse que tiveste? Acaso, viremos, eu e tua mãe e teus
irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?
Jacó era o verdadeiro herdeiro da
Aliança e das promessas feitas a seus ancestrais, por isso é o astro mais
importante, o sol. As mulheres inférteis que recebem a benção de gestar as
estrelas da promessa, aqui representadas por Raquel, são o astro coadjuvante, a
lua, e as estrelas são os membros das tribos de Israel.
Até que o Senhor Jesus ordene aos
discípulos que vão até os confins da terra levando o evangelho a toda a
criatura, o restante da humanidade estava irremediavelmente condenado a viver
em trevas, pois não possuíam qualquer conhecimento de Deus. As poucas luzes que
existiam neste mundo de trevas vinham dos únicos responsáveis por guardar a
palavra de Deus, os descendentes de Abraão, Isaque e Israel, as estrelas da
promessa de Deus.
A última estrela a surgir no céu
antes de amanhecer é conhecida como estrela Dalva ou estrela da manhã, vejamos
o que Apocalipse fala sobre ela:
Ap 22.16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar
estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela
da manhã.
Jesus é a Estrela da Manhã porque é
a última, ou seja, o último representante da Antiga Aliança. Quando analisarmos
o livro de Apocalipse trataremos mais a fundo desse tema.
Joel 2.11 O SENHOR levanta a voz diante do seu exército; porque
muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as suas
ordens; sim, grande é o Dia do SENHOR e mui terrível! Quem o poderá suportar?
Em todo o contexto da
profecia Israel está debaixo do juízo de Deus, logo, quando se fala em exército
do Senhor não é possível imaginar que se trata do povo da antiga aliança. O
exército do Senhor é o povo da Nova e Eterna Aliança, a Igreja de Cristo, aqui
representada como um povo inumerável, pois vem de todas as tribos, raças e
nações da terra e, como gafanhotos devoradores, acabam com todo o alimento do
povo rebelde da antiga aliança, Israel.
Do versículo 12 ao 19 Deus oferece mais uma oferta de perdão em troca do
arrependimento de Israel. Como o arrependimento não virá, Deus anuncia uma
outra face do Juízo. A primeira será executada pela igreja, que devorará todo o
Pão, o Vinho e o Azeite de Israel, trata-se de um juízo espiritual, pois é a
decretação da morte eterna, através da retirada do Pão da Vida, do Sangue que
redime os pecados, e do Espírito que convence do pecado, da justiça e do Juízo,
além de consolar e trazer a paz que excede a todo o entendimento.
Contudo, a punição não para aí. O templo tem que ser destruído, sem que
fique uma só pedra que não seja derrubada (Mt 24), para que as ofertas pelo
perdão dos pecados não possam ser oferecidas e o povo seja expulso da sua
terra, para que se cumpra o que está escrito em Deuteronômio 28, em especial nos
versículos 47 a 50:
47 Porquanto não serviste ao SENHOR, teu Deus,
com alegria e bondade de coração, não obstante a abundância de tudo.
48 Assim, com fome, com sede, com nudez e com
falta de tudo, servirás aos inimigos que o SENHOR enviará contra ti; sobre o
teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te haja destruído.
49 O SENHOR levantará contra ti uma nação de
longe, da extremidade da terra virá, como o voo impetuoso da águia, nação cuja
língua não entenderás;
50 nação feroz de rosto, que não respeitará ao
velho, nem se apiedará do moço.
Como sabemos, tudo isso se cumpriu a partir do ano 70 d.C., através de
Império Romano, que foi acabar com uma rebelião que judeus estavam promovendo
desde 66 d.C. Por terra os romanos chegaram a Judeia vindo pela Síria, que fica
ao norte. Depois de todo tipo de humilhação os judeus o Templo foi destruído e
milhares de Judeus foram mortos, após algumas tentativas frustradas de retomar
o controle de Jerusalém, finalmente em 135 d.C. os últimos judeus foram expulsos
da Judéia, Jerusalém foi completamente destruída, sendo construída uma cidade
em estilo romano no lugar.
Séculos depois os muçulmanos construíram a mesquita de Omar, no lugar
onde havia o templo de Jerusalém, pois de lá Maomé teria sido levado aos céus.
Por isso, esse lugar passou a ser o segundo mais importante para os muçulmanos,
só perdendo para Meca, ou seja, nunca permitiriam que a mesquita fosse demolida
para a reconstrução do Templo e, assim, os judeus não tem como oferecer
sacrifícios para o perdão dos seus pecados, desta forma, não há como merecer o
perdão de Deus dentro do judaísmo, pois, como eles não aceitam o sacrifício de
Cristo como o único valido para o perdão dos pecados e não podem oferecer
sacrifícios para o perdão dos seus pecados, não há como os Judeus serem
perdoados.
Os judeus foram proibidos de permanecer na Palestina e só puderam
retornar em 1948, quase 2000 anos depois.
Do versículo 20 ao 27 Deus faz a terceira oferta de perdão mediante o
arrependimento.
Do versículo 28 ao 32 está a citação feita pelo apóstolo Pedro a qual nos
referimos no início do presente trabalho:
2.28 E
acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos
filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens
terão visões;
2.29 até
sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.
Um grande número de interpretes acredita que o que Pedro estava vendo era
apenas o cumprimento do que está escrito no versículo 28 e 29 com o Espírito
Santo distribuindo esperança e o dom da profecia, mas acreditamos que não foi
sem sentido a citação por Pedro de todos os versículos do 28 ao 32, pois tudo
faz parte desse momento onde o sol a lua e as estrelas da antiga aliança se
apagam, o Pão da Vida e o Vinho já foram servidos ao novo povo e agora o azeite
do Espírito Santo estava sendo derramado:
2.30
Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça.
No céu representativo da antiga aliança o sangue da morte da última
estrela, Cristo, o fogo (consumidor) do Pai e a fumaça apagando as estrelas
compõe o cenário do fim da Aliança.
2.31 O
sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e
terrível Dia do SENHOR.
Já demonstramos o que
representam o sol e a lua neste contexto profético. No versículo 31 Deus
anuncia o Fim da Antiga Aliança, com o sol se convertendo em trevas e o fim da
renovação dessa aliança com os descentes de Jacó, representado na figura da lua
em sangue.
Esse fim em sangue
faz referência ao sangue de Cristo que, na condição de último representante da
Antiga Aliança, derrama seu sangue e morre, representando, no caso, a morte da
Aliança e a sua ressurreição representando o nascimento do Primogênito da Nova
Aliança.
Há diversos outros
significados para a morte de Cristo, mas, para a interpretação do presente
texto, nos restringimos a esse aspecto.
2.32 E
acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no
monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu;
e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.
Aqui começa o simbolismo que traz a
maior confusão para os interpretes, pois, frequentemente, Deus mistura Juízos
e, muitas vezes, é difícil saber a que juízo Ele está se referindo num
determinado trecho.
Explicando melhor, a escravidão no
Egito, os 40 anos vagando no deserto antes da Terra Prometida, a invasão assíria,
o exílio babilônico, o domínio grego e o domínio romano foram juízos
relativamente pequenos em relação ao que estava por vir: destruição do templo
no ano 70 e o exílio de 2000 anos até 1948. Em várias profecias esses juízos
aparecem misturados com o Juízo do fim da Antiga Aliança e o estabelecimento da
Nova Aliança com a igreja e, frequentemente, aparecem indícios do Juízo Final.
A principal característica do Juízo
Final é a punição de todos os inimigos de Deus, ou seja, não é um juízo só
sobre Israel, mas sobre todos os que não aceitaram Jesus como seu Salvador. Do
versículo 2.32 até o 3.20, lugares que simbolizam a fé como Sião, Jerusalém e
Judá representam a moradia do povo de Deus, lugar de proteção e exaltação da fé,
ou seja, é um símbolo da vida Eterna dos crentes com Deus e, por outro lado,
Tiro, Sidom e Filístia, representam lugares de pecado e onde o Juízo de Deus
recairá sobre as nações pecadoras.
É importantíssimo destacar que os
descendentes de Jacó entenderam a aliança com Deus como uma questão carnal, ou
seja, bastava ser descendente de Jacó para fazer parte da aliança. Esse
pensamento era reforçado pela circuncisão, a retirada da pele que recobre a
ponta do órgão genital masculino. Isso não só diferenciava o povo de Israel dos
outros povos, mas parecia indicar que bastava ser um descendente de Jacó para
pertencer à Aliança com Deus. Contudo, como afirma o apostolo Paulo:
Rm 9.6-8 “...
porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem
descendentes de Abraão são todos seus filhos;” “... mas devem ser considerados
como descendência os filhos da promessa.”
Gl 3.6 É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso
lhe foi imputado para justiça.
3.7 Sabei, pois, que os da fé é que são
filhos de Abraão.
3.8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus
justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão
abençoados todos os povos.
Portanto, era um erro pensar que a
Aliança de Deus era genética, a Aliança sempre foi com a fé.
Desde Abraão, capaz de largar a sua
parentela e ir para onde Deus indicou. Sendo, também, capaz de entregar seu
filho Isaque, como prova de fé, até o último representante da Antiga Aliança, a
Estrela da Manhã, Nosso Senhor Jesus, capaz dar a sua vida pelos pecadores para
cumprir a vontade do Pai, a fé é o elo que nos liga ao Pai. Como vemos, de nada
adiantava a genética se não houvesse a fé.
Desta forma, quando falamos em Antiga
e Nova Aliança estamos demarcando dois momentos de uma Única e Eterna Aliança
que sempre teve como único fundamento a fé, mas que ficou restrita aos que
tinham fé dentro de um único povo, Israel, até que Jesus viesse e abrisse os
portões do reino para todos àqueles que, independente de tribo, raça ou nação,
pudessem, pela fé, devorar o alimento, pão, vinho e azeite, que até então
estavam restritos às mesas dos descendentes de Jacó.
JOEL - 3.1 Eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que mudarei a
sorte de Judá e de Jerusalém,
3.2
congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei
em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem
elas espalharam por entre os povos, repartindo a minha terra entre si.
3.3 Lançaram
sortes sobre o meu povo, e deram meninos por meretrizes, e venderam meninas por
vinho, que beberam.
3.4 Que
tendes vós comigo, Tiro, e Sidom, e todas as regiões da Filístia? É isso
vingança que quereis contra mim? Se assim me quereis vingar, farei, sem demora,
cair sobre a vossa cabeça a vossa vingança.
3.5 Visto que
levastes a minha prata e o meu ouro, e as minhas joias preciosas metestes nos
vossos templos,
3.6 e
vendestes os filhos de Judá e os filhos de Jerusalém aos filhos dos gregos,
para os apartar para longe dos seus limites,
3.7 eis que
eu os suscitarei do lugar para onde os vendestes e farei cair a vossa vingança
sobre a vossa própria cabeça.
3.8 Venderei vossos filhos e vossas filhas aos filhos de Judá,
e estes, aos sabeus, a uma nação remota, porque o SENHOR o disse.
3.9 Proclamai
isto entre as nações: Apregoai guerra santa e suscitai os valentes; cheguem-se,
subam todos os homens de guerra.
3.10 Forjai
espadas das vossas relhas de arado e lanças, das vossas podadeiras; diga o
fraco: Eu sou forte.
3.11
Apressai-vos, e vinde, todos os povos em redor, e congregai-vos; para ali, ó
SENHOR, faze descer os teus valentes.
3.12
Levantem-se as nações e sigam para o vale de Josafá; porque ali me assentarei
para julgar todas as nações em redor.
3.13 Lançai a
foice, porque está madura a seara; vinde, pisai, porque o lagar está cheio, os
seus compartimentos transbordam, porquanto a sua malícia é grande.
3.14
Multidões, multidões no vale da Decisão! Porque o Dia do SENHOR está perto, no
vale da Decisão.
3.15 O sol e a
lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor.
3.16 O SENHOR
brama de Sião e se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tremerão; mas o
SENHOR será o refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel.
3.17 Sabereis,
assim, que eu sou o SENHOR, vosso Deus, que habito em Sião, meu santo monte; e
Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela.
3.18 E há de
ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite,
e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; sairá uma fonte da Casa do
SENHOR e regará o vale de Sitim.
3.19 O Egito
se tornará uma desolação, e Edom se fará um deserto abandonado, por causa da
violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue
inocente.
3.20 Judá,
porém, será habitada para sempre, e Jerusalém, de geração em geração.
3.21 Eu expiarei o sangue dos que não foram expiados,
porque o SENHOR habitará em Sião.
Os versículos 3.20-21 NÃO representam o Israel atual, mas o Eterno. Muitos interpretes
acham que por haver a referência a Jerusalém habitada de geração em geração não
pode ser na eternidade, pois ninguém nascerá na eternidade. Isso é verdade, mas,
dado todo o contexto, o mais provável é que de geração em geração signifique:
para sempre, eternamente. Que assim seja!
Concluindo a interpretação do livro de Joel podemos
constatar que, ao contrário de algumas interpretações, não há referências a
guerra espiritual no sentido de luta de Israel contra demônios. O texto trata
da soberania de Deus, da condenação do pecado dentro e fora de Israel, do oferecimento
de perdão mediante verdadeiro arrependimento por parte do pecador e este, como
é normal, não tomando conhecimento do perdão. E, o mais importante é o anúncio
da vinda de um novo povo que devoraria o alimento de Israel, representado
inicialmente como gafanhotos e, mais a frente, como povo inumerável de Deus.
Passaremos a análise de partes do livro de Apocalipse
que usa os mesmo símbolos de Joel e, para os quais, podemos dar interpretação
semelhante.
APOCALIPSE
Não é a nossa intenção interpretar todo o livro de
Apocalipse, mas tentar estabelecer um paralelo entre alguns símbolos utilizados
no livro de Joel e que parecem ter o mesmo sentido em Apocalipse.
Contudo, vale à pena destacar alguns pontos.
Na Bíblia o número 7, geralmente, significa totalidade,
plenitude, ou o conjunto de características de algo que está sendo tratado.
No caso, apesar de citar os nomes das sete igrejas,
podemos supor que os problemas listados em cada uma delas fossem, e talvez
continuem sendo, problemas comuns às igrejas cristãs em geral. O que torna de
suma importância a observação pelos cristãos, seja individual ou coletivamente,
dos erros ali apontados para que os mesmo não voltem a atrasar a nossa vida
cristã.
Por outro lado, não podemos nos esquecer que não é uma
carta para qualquer pessoa, mas para convertidos, pois, presume-se que quem
está em igreja seja convertido.
Desta forma, quando Jesus diz em Ap
3.20: “Eis que estou à
porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa
e cearei com ele, e ele, comigo.” Ele não está fazendo um chamado geral, para toda a humanidade, mas, um
chamado específico para convertidos que, por algum motivo, andam distraídos e,
consequentemente, deixam de ter intimidade com Jesus.
Geralmente esse versículo é usado para fundamentar a
tese de que Deus é um cavalheiro e que não invade a vida de ninguém. Na verdade,
Ele até pode deixar as ovelhas dele pastarem com certa liberdade, mas Deus não
é um mero torcedor, vibrando quando acertamos e se entristecendo com nossos
erros. Como a soberania de Deus não é o propósito deste texto, sugiro a leitura
de Romanos 8 e 9.
Apocalipse 9 é onde mais existem imagens que se assemelham as
usadas no livro de Joel, por isso, nos limitaremos agora a análise deste
capítulo.
APOCALIPSE 9
9.1 O quinto anjo tocou a trombeta, e
vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo.
A maioria do interpretes vê a queda de Satanás ou de outro demônio
neste versículo, mas temos motivos para desconfiar que não é esse o assunto que
está sendo tratado aqui, vejamos.
Se formos usar uma estrela como a representação de um homem, não
seria natural dizer que a estrela veio do céu andando. A única maneira que
podemos imaginar uma estrela chegando na Terra é como uma estrela cadente
(caindo), logo, não é pelo simples fato de estar caindo que o significado seja obrigatoriamente
a queda de um demônio.
Em seguida é dito: “E foi-lhe dada a chave do poço do abismo.” Em outro
trecho de Apocalipse nos é informado quem tem a chave do abismo:
20.1
Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma
grande corrente.
Como a Bíblia não fala que existia uma cópia da chave do abismo,
nem que esse anjo tomou a chave que estava não mão de um demônio, podemos supor
que a chave nunca mudou de dono, mas, então, quem é o dono da chave do abismo?
Vejamos:
Ap 1.17 Quando o vi, caí a seus pés como morto.
Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último (o mesmo que o Alfa
e o Ômega) e aquele que vive;
estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as
chaves da morte e do inferno.
“...Sou o primeiro e o último...”, quem pronuncia essa frase?
1.8
Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há
de vir, o Todo-Poderoso.
21.6
Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e
o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.
22.13 Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o
Último, o Princípio e o Fim.
Para simplificar, quem sempre possuiu a chave do abismo, inferno ou
qualquer outro nome que se possa dar para isso, foi o Pai e, a partir de sua
morte e ressurreição, o Filho, a chave do presídio nunca foi dada ao presidiário!
Ap 9.2 Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça
do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço,
escureceu-se o sol e o ar.
Em Ap 9.2, como em Joel, é dito que o sol escureceu, mais uma vez
está sendo representado o fim do sol, ou seja, da aliança carnal com a
descendência de Abraão, Isaque e Jacó. Como já demonstramos na análise de Joel
a verdadeira aliança sempre foi mediante a fé, mas esteve restrita aos que
tinham fé dentro do povo de Israel, até que Cristo ressuscitasse e ordenasse
que o Evangelho fosse pregado a toda criatura, encerrando assim o pacto da
circuncisão da carne e reafirmando a circuncisão do coração.
9.3
Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder
como o que têm os escorpiões da terra,
Aqui surgem gafanhotos saídos do abismo. Será que são os mesmo
gafanhotos que aparecem em Joel?
A mesma fumaça que sai da abismo escurece a sol da Antiga Aliança e
traz os gafanhotos que estavam presos no abismo. Em Joel os gafanhotos devoram
o alimento de Israel, Pão, Vinho e Azeite. Vejamos o que os gafanhotos farão
aqui.
9.4
e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer
coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente AOS HOMENS QUE NÃO TÊM O SELO
DE DEUS SOBRE A FRONTE.
O estado natural do homem é:
“Efésios 2.5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu
vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos,
Ef 4.6 um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, age por meio de todos e está em todos.
4.7
E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de
Cristo.
4.8
Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e
concedeu dons aos homens.
A Bíblia afirma que todos os homens estão mortos em seus delitos e
pecados até que, pela fé em Cristo, possamos ser retirados do inferno recebendo
uma nova vida.
Cristo, tendo as chaves do abismo, nos liberta da nossa condenação.
Nós, uma vez libertos, saímos anunciando o Evangelho. Os que ouvirem e crerem
serão salvos, os que não querem já estão condenados, continuarão mortos no
inferno. Os que creem tem a marca de Deus na sua cabeça (a fé) e os que não
creem confirmam que não tem a marca de Deus negando a oferta de salvação.
9.5
Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem
(o tormento é para quem não tem a marca de Deus, estes já estão
mortos, por isso os gafanhotos não os matariam, só atormentariam)
durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando
fere alguém.
O veneno do escorpião age sobre o sistema nervoso periférico dos
humanos, causando dor, pontadas, aumentando a pulsação cardíaca e diminuindo a
temperatura corporal, ou seja, um grande incômodo, mas raramente mata,
exatamente como afirmado neste versículo.
Ap 9.6 Naqueles dias, os homens buscarão a morte e
não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles.
A morte pode ter significados diferentes na Bíblia. Ela afirma que
todos estamos mortos em nossos delitos e pecados, mas os crentes renascem em
cristo, podendo, em sua maioria, ter uma nova morte física, mas não uma morte
espiritual, ou seja, não voltaremos a situação anterior em que nosso espírito
estava afastado de Deus, sendo considerados mortos por não termos acesso a
Árvore da vida, que é Cristo. Já os não crentes, encontram-se mortos
espiritualmente e não sairão desse estado, apenas terão que passar também pela
morte física e seguir para a morte espiritual eterna.
Ap 9.7 O aspecto dos gafanhotos era semelhante a
cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas
parecendo de ouro (os santos receberão coroas); e o seu rosto era como rosto
de homem;
9.8
tinham também cabelos, como cabelos de mulher; os seus dentes, como
dentes de leão;
A Bíblia não deixa dúvidas sobre quem receberá
coroas. Não serão demônio pelas obras feitas para Satanás, mas a Igreja de
Jesus Cristo:
Timóteo 4.8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto
juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos
amam a sua vinda.
Tiago 1.12 Bem-aventurado o homem que suporta,
com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá
a coroa da vida, a qual o
Senhor prometeu aos que o amam.
1 Pedro 5.4 Ora, logo que o Supremo Pastor se
manifestar, recebereis a imarcescível coroa
da glória.
Apocalipse 2.10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis
que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à
prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Os gafanhotos receberam coroas, tem rosto
e homem e cabelos de mulher, até aqui podemos ver que a Igreja formada por
homens e mulheres está paramentada para a guerra, mas tem outra característica
importante: dentes de leão. Esta imagem também aparece em Joel 1.6, mas vejamos
o que está escrito em
Isaías 5.25
Por isso, se acende a ira do SENHOR contra o seu povo (...) 5.26 Ele arvorará o estandarte para as nações
distantes e lhes assobiará para que venham das extremidades da terra; e vêm
apressadamente. 5.29 O seu rugido é como o do leão; rugem como filhos de leão,
e, rosnando, arrebatam a presa, e a levam, e não há quem a livre.
Esses que vêm de nações distantes e das
extremidades da terra e rugem como leão são os mesmo que em Joel 1.6 e Ap 9.8
têm dentes de Leão. Vejamos o que o próprio livro de Apocalipse diz sobre esse
leão:
Ap 5.5
Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá,
a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.
Jesus é o Leão da Tribo de Judá!
A Igreja de Cristo é o corpo de Cristo na
terra e é pela boca que mais nos parecemos com Ele, pois é através dela,
anunciando o Evangelho a toda criatura, pregando a Palavra, que o mundo vê a
Cristo. Por isso, nossa boca se parece com boca de Leão.
Ap 9.9 tinham couraças, como couraças de ferro; o
barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos,
quando correm à peleja;
Mais uma passagem que mostra os gafanhotos prontos para a guerra. Vejamos
a semelhança dessa a imagem com a que o apostolo Paulo apresenta em Efésios:
Ef 6.13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus,
para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo,
permanecer inabaláveis.
6.14
Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça
da justiça.
6.15
Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;
6.16
embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis
apagar todos os dardos inflamados do Maligno.
6.17
Tomai também o capacete da salvação e a espada
do Espírito, que é a palavra de Deus;
A guerra para a qual os “gafanhotos” devoradores do alimento de
Israel estão perfeitamente paramentados não é física, mas espiritual, sua
couraça é de justiça, seu escudo de fé, seu capacete da salvação e sua espada é
do Espírito Santo, ou seja, nada tem a ver com exército romano, norte americano
ou de qualquer outra nação, em qualquer época da história deste mundo.
Ap 9.10 tinham ainda cauda, como escorpiões, e
ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses;
9.11
e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em
hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.
Apoliom significa Destruidor, qualquer um vai achar que o
destruidor só pode ser Satanás. Vamos ver o que a Bíblia diz:
Êxodo 12.23 - Porque o SENHOR passará
para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em
ambas as ombreiras, passará o SENHOR aquela porta e não permitirá ao
Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir. (Quem enviou o
destruidor foi Deus).
1 Crônicas 21.15 Enviou Deus um anjo a Jerusalém, PARA A
DESTRUIR; ao destruí-la, olhou o SENHOR, e se arrependeu do mal, e disse ao
ANJO DESTRUIDOR.
Isaías 45.7 - Eu formo a luz e crio
as trevas; faço a paz e CRIO O MAL; eu, o SENHOR, faço todas estas
coisas.
Hebreus 12.29 - PORQUE O NOSSO
DEUS É FOGO CONSUMIDOR.
Não podemos esquecer que o plano de Deus para todo aquele que não
crê em Jesus como Senhor e Salvador é a morte eterna, o lago de fogo e enxofre,
o inferno. Não há maior destruidor do que Ele.
Ap 9.12 O primeiro ai passou. Eis que, depois destas
coisas, vêm ainda dois ais.
9.13
O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro
ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus,
9.14
dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: SOLTA OS QUATRO
ANJOS QUE SE ENCONTRAM ATADOS JUNTO AO GRANDE RIO EUFRATES.
O Éden ficava entre os rios Tigre e Eufrates. Deus colocou anjos lá
para impedir a entrada do homem:
Gênesis 3.24 E, expulso o homem, colocou querubins ao
oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para
guardar o caminho da árvore da vida.
Até que os anjos fossem retirados o homem não poderia voltar para o
paraíso. Se os anjos já foram retirados, torna-se possível o retorno ao Éden.
Vale lembrar que Jesus promete exatamente isso a um dos malfeitores
crucificados com Ele: Lucas
23.43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
9.15
Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a
hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. (assim como os
gafanhotos)
9.16
O número dos exércitos da cavalaria (a única cavalaria citada
neste capítulo é a de gafanhotos paramentados para a guerra e com dentes de
Leão) era de vinte mil vezes dez milhares (2000000000, dois bilhões!?);
eu ouvi o seu número.
9.17
Assim, nesta visão, contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros
tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era
como CABEÇA DE LEÃO, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre.
Se a pregação dos gafanhotos com aparência de Leão não salvar,
condenará ao inferno, por isso, saía fogo, fumaça e enxofre, marcas do inferno.
9.18
Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo
enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens;
Nós, os que cremos em Jesus, estávamos mortos, antes da fé, mas a
velha criatura, o homem carnal, morreu quando nascemos de novo em Cristo, por
isso, somos a terça parte dos que foram mortos pelos gafanhotos. Os que não
tinham a marca de Deus não foram mortos até aqui, apenas atormentados.
9.19 pois a força dos cavalos estava
na sua boca (POR QUE ANUNCIAM O EVANGELHO) e na sua cauda,
porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela
causavam dano.
O gafanhotos só atormentavam a quem não tinha a marca de Deus na
cabeça, por isso, por onde passavam deixavam um rastro, uma cauda de destruição
para os que não crerão no poder que saia da sua boca, o Evangelho.
9.20
Os outros homens, aqueles que não
foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas
mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre,
de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar;
9.21
nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas
feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.
Concluindo:
Os homens que foram mortos pelos gafanhotos são as velhas criaturas,
ou seja, pessoas que estavam mortas em seus delitos e pecados junto com toda a
humanidade, mas que ouviram o Evangelho proferido pelas bocas de Leão dos
gafanhotos. Estes tinham como Rei o anjo do abismo, o destruidor (Nosso Deus).
Essas pessoas não possuem qualquer mérito que as diferencie, apenas uma marca
de Deus.
Quando essa pessoa que morreu nasce de novo, passa a fazer parte do
exército de gafanhotos, a Igreja, e vai atormentando a vida dos que não se
arrependem dos seus pecados, sem mata-los, pois essa morte é uma benção
guardada para àqueles que irão fortalecer o exército de Deus.
É mais fácil ficar enxergando demônios em toda parte, mas a palavra
de Deus não dá muito espaço para eles. Os assuntos amplamente tratados na
Bíblia são: O Pai e o seu plano de salvação, o Reino de Deus e a sua Justiça, a
Única e Eterna Aliança de Deus com àqueles que creem que a morte do Filho foi
suficiente para pagar pelos pecados da humanidade, os beneficiários do perdão
de Deus (a Igreja) e o Juízo sobre os infiéis.
Da mesma forma, esses são os temas tratados em Joel e Apocalipse 9,
Satanás está excluído.
Graça e Paz!